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A revista Science acaba de publicar editorial em que o médico oncohematologia, Dr. Norman Sharpless, diretor do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, fala sobre o impacto da pandemia de Covid-19 nos pacientes oncológicos. De acordo com o manuscrito, especialmente, com foco em novos e futuros diagnósticos de câncer, é evidente que muitas decisões que envolveram afastamento das pessoas de consultas e exames de rastreamento, diagnóstico e até mesmo de tratamento de doenças oncológicas, terão consequências altamente arriscadas por justamente distanciar as pessoas de cuidados que podem ser vitais , adverte o médico.
Compartilho da opinião do médico americano e acredito ser importante ressaltar que ainda estamos em estado de pandemia mundial por conta da Covid-19 e como não sabemos até quando isso tudo vai é essencial que as pessoas atentem para situações relacionadas à detecção, diagnóstico e rastreamento precoces do câncer. O objetivo do diagnóstico feito precocemente é identificar pessoas com sinais e sintomas iniciais da doença. Essa tática possibilita terapias mais simples, possivelmente mais efetivas e que podem contribuir sobremaneira para a redução do estágio de apresentação do câncer. Isso porque, o rastreamento é uma ação dirigida à população sem sintomas da doença e que tem o intuito de identificar o câncer no começo.
O que pode ser extremamente benéfico, em termos de saúde pública no que diz respeito à disseminação do novo coronavírus em si, pode ser altamente arriscado para as pessoas com câncer. As complicações em decorrência do atraso no diagnóstico do câncer e a consequente alta na mortalidade pela doença são sentidos de forma desastrosa ao redor do mundo. Outro estudo também muito repercutido foi publicado pela revista The Lancet, em julho, deste ano e alertou para o impacto da pandemia de Covid-19 nas mortes por câncer devido aos atrasos no diagnóstico na Inglaterra, país reconhecido por ter um sistema de saúde exemplar. O artigo ressalta para o aumento em até 15% na mortalidade por cânceres dos tipos que afetam mama, colorretal, esôfago e pulmão. Por isso, é sempre bom enfatizar para que as pessoas não deixem de fazer exames de rotina. Se tem algum sintoma como dor, mancha ou um nódulo, procure o médico. Não há razão para esperar!
*Dra. Lilian Arruda é médica oncologista do IBCC Oncologia e diretora clínica do Hospital.