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No Julho Verde, médica do IBCC fala sobre cuidados com uma doença que tem 41 mil novos casos anualmente
A melhor forma de se prevenir esse tipo de câncer que tem 41 mil novos casos a cada ano no Brasil, é afastando-se de seus principais sintomas de risco, como tabagismo e uso frequente de álcool. O câncer de cabeça e pescoço, que neste mês de julho tem sua importância no cuidado mais evidenciada, com a campanha do Julho Verde, alerta para sintomas nessa região do corpo, especialmente o carcinoma epidermóide da superfície mucosa que reveste todo o trato aéreo-digestivo alto (boca, língua, faringe, laringe – garganta). Existem também casos menos frequentes, como os de tumores nas cavidades nasais e seios da face.
De acordo com a médica especialista em cabeça e pescoço do IBCC, Dra. Beatriz Cavalheiro, entre os homens, é mais frequente os cânceres de boca e laringe, os quais ocupam o 5º e 8º lugares, respectivamente, em incidência no Brasil, representando 5,2% e 3,0% dos casos de câncer entre os indivíduos do sexo masculino. No entanto, ao somarmos as incidências dos tumores dessas duas localizações, o carcinoma de cabeça e pescoço migra para a 2ª posição, ficando atrás somente do câncer de próstata. Entre as mulheres, é o carcinoma da glândula tireoide que tem maior destaque, sendo cerca de três vezes mais frequente entre elas. Os cânceres de boca e de laringe são responsáveis por 2% (12º lugar) e 0,5% (17º lugar), respectivamente, entre os indivíduos do sexo feminino.
Cuidados
Em diversos tipos de câncer, os fatores ambientais e externos representam até 90% das causas. No caso do câncer de cabeça e pescoço, o tabagismo e a ingesta de bebidas alcóolicas são fatores de grande risco. “Os efeitos do cigarro e álcool são imensamente potencializados quando usados em conjunto”, destaca a médica.
Traumas repetidos por anos sobre um mesmo local, como em função de dentaduras mal ajustadas ou irregularidades na superfície de algum dente, são também causas do desenvolvimento desses tumores em indivíduos que não contam com os fatores de risco citados acima, e podem ser resolvidos com visitas periódicas ao dentista. Recomenda-se também uma dieta rica em frutas e vegetais frescos e atenção à higiene bucal.
A infecção pelo papilomavírus humano (HPV), por sua vez, representa outro fator causal independente. A infecção pelo HPV pode ter ocorrido muitos anos antes da manifestação por meio de um tumor nessa região. Preconiza-se o uso de proteção física (camisinha) à realização de sexo oral.
Câncer
Embora haja uma tendência de redução da incidência do câncer de laringe, as taxas dos tumores de boca e faringe estão praticamente estáveis. Os cânceres de tireoide, entretanto, têm sofrido acréscimos significativos, também entre os homens. “Os tumores da boca podem envolver a língua, a gengiva, o revestimento da bochecha e o palato (céu da boca). Qualquer lesão nessas regiões, sejam avermelhadas ou esbranquiçadas, devem ser investigadas caso permaneçam por mais de três semanas, mesmo quando não dolorosas ou sangrantes ao toque”, frisa a médica. Outros sinais são a sensação de língua “presa”, com dificuldade à sua movimentação, que pode ser um dos sinais de lesões da base da língua (a parte de trás do órgão). Rouquidão ou alteração do timbre de voz, dor ou dificuldade ao engolir, falta de ar e escarros sanguinolentos podem ser manifestações de tumores na garganta (faringe e laringe-órgão da voz); Nódulos no pescoço e emagrecimento podem ser indícios de doença mais avançada.
Câncer tem cura, mas é preciso diagnosticar precocemente
Conforme a Dra. Beatriz Cavalheiro, o câncer de cabeça e pescoço é curável, mas quando diagnosticado e tratado em momento bastante inicial. “Quanto maior a progressão da doença, menores as chances de sobrevida e mais difícil é o seu tratamento”, alerta.
A médica explica que esses tumores são graves, normalmente com rápido crescimento e possibilidade de disseminação para os linfonodos (gânglios) do pescoço precocemente e para outros órgãos distantes, mais tardiamente. “Seu tratamento pode não ser agradável, mas é menos sofrido do que a progressão da doença. Assim, nossa maior recomendação é que o indivíduo não tenha medo do tratamento e esteja atento para uma avaliação profissional, sem demora, quando notar a presença de qualquer um dos sintomas citados acima”, salienta.
A especialista do IBCC destaca ainda que cada caso deve ser analisado individualmente com relação às melhores opções de tratamento e tipo de seguimento futuro. “Mesmo após a cura do tumor, o paciente deve ser fiel aos retornos médicos, pois os riscos de recidivas ou desenvolvimento de novos tumores existem, especialmente nos pacientes que mantém a exposição aos fatores de risco”, sintetiza.