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Leucemia Mielóide Crônica: como minimizar efeitos colaterais do tratamento

18 de janeiro

A Dra. Flavia Russo, médica hematologista do IBCC Oncologista e especialista em Transplante de Medula Óssea, esclarece as principais dúvidas:

1 – É esperado que o tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC) cause efeitos colaterais? Quais os mais comuns? E quando são preocupantes?

O tratamento para a leucemia mieloide crônica (LMC) apresentou grande evolução nos últimos anos, com terapias novas voltadas especificamente para as alterações moleculares que a causam. Os efeitos colaterais mais comuns são aqueles relacionados a quimioterapia. Os quimioterápicos não atuam não somente nas células da leucemia mas também nas células saudáveis. Especificamente o tratamento inicial da LMC é com quimioterápico comprimido, ingerido por via oral sendo uma medicação bem tolerada. Apesar da boa tolerabilidade seus principais efeitos colaterais incluem: fadiga, inchaços pelo corpo, pruridos, insônia, dores de cabeça, dores articulares, náuseas, vômitos, distensão abdominal e diarreia. Vale lembrar que alguns pacientes com LMC podem apresentar sintomas semelhantes decorrentes da evolução da própria doença, sendo assim todos os sintomas devem ser imediatamente reportados à equipe médica responsável pelo paciente. 

2- Alguns efeitos colaterais, como fraqueza, dor nas pernas/coluna e enjoo, são muito relatados pelos pacientes de LMC que utilizam tanto imatinibe quanto com nilotinibe. É possível evitar ou amenizar esses efeitos? Como?

Sugestão de resposta: alguns desses efeitos colaterais podem ser amenizados com o uso de analgésicos, medicações para melhora das náuseas e remédios topicos como pomadas para alívio das dores. Todas essas medidas para diminuir os eventos adversos devem ser prescritas e orientadas pelo médico.

3- Apesar de ser um efeito colateral incomum, alguns pacientes que utilizam imatinibe dizem apresentar zumbidos no ouvido. Por que isso acontece? Existe alguma forma de eliminar esse sintoma?

Sugestão de Resposta: o zumbido relacionado ao uso de Imatinibe é um evento adverso extremamente raro que acomete menos de 1% dos pacientes que fazem uso da medicação. A origem do zumbido causada pelo Imatinibe não é bem esclarecida assim como medidas para redução do sintoma. 

4- Outro efeito colateral apontado por alguns pacientes é um sangramento no canto do olho. Por que isso acontece? É algo preocupante? Como evitá-lo?

Sugestão de Resposta: o sangramento no canto do olho pelo Imatinibe é um dos efeitos colaterais oftalmológicos mais raros relacionados ao uso do Imatinibe. A queixa ocular mais frequente secundária ao uso da medicação são edema periorbital (que ocorre em 15 a 74% dos pacientes). O sangramento no canto do olho pode estar relacionado à diminuição do número de plaquetas que a medicação provoca, o que aumenta o risco de sangramento. A principal medida para evitar esse evento adverso é o monitoramento regular dos níveis plaquetários realizando hemograma na frequência orientada pelo médico. 

5- Apesar de ser informado para os pacientes que o tratamento com imatinibe não provoca a queda de cabelo, muitos relatam que o cabelo cai com uma certa intensidade. Por que isso acontece, está relacionado com o medicamento em si ou pode ser pela própria doença? É possível evitar ou diminuir?

Sugestão de Resposta: a alopecia (queda de cabelo) é vista em apenas 7-15% dos pacientes que fazem uso de Imatinibe. A leucemia mieloide crônica por si só não costuma causar queda de cabelo. A queda relacionada ao Imatinibe, ocorre porque a medicação é um quimioterápico que não atua especificamente apenas nas células da leucemia. Dessa forma, ela pode também inibir a replicação de outras células saudáveis como as células do folículo piloso causando alopécia. Não existem medidas comprovadamente eficazes para evitar esse efeito colateral. 

6- A alimentação inadequada ou a pouca quantidade de água ingerida podem estar relacionadas com o desenvolvimento desses efeitos colaterais?

Sugestão de Resposta: a alimentação inadequada e a baixa ingesta de água não estão diretamente relacionados aos efeitos colaterais da medicação, porém, é sabido que a alimentação saudável, rica em carnes vermelhas e verduras ajuda a manter os níveis de ferro e outros nutrientes adequados, evitando assim causas nutricionais de anemia (que pode causar cansaço e dores nas pernas) e também causas nutricionais de alopécia.

Diretora Médica: Dra. Lilian Arruda - CRM 147953    |    © Copyright 2023 | IBCC Oncologia