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No mês da conscientização para a doença, especialista também alerta para esse tipo raro de câncer
A professora, Edelzuita França de Amorim Cavaco, 51 anos, fez o transplante de medula óssea em 2006 e vive muito bem. “Foi após a doença, o tratamento e o transplante que dei uma guinada na minha vida. Fiz faculdade, aprendi a dirigir e faço aquilo que mais amo que é lecionar”, revela.
Moradora da cidade de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, Edelzuita, tem dois filhos e um neto que são “a minha razão de existir”, como ela diz. No final de janeiro de 2006, começou a sentir uma dor na perna que vinha da parte de trás das costas. Foi ao ortopedista e começou a ser tratada como problema no nervo ciático. Mesmo com muitas radiografias e muitos remédios não havia melhora. Entre o final de janeiro e começo de fevereiro já não conseguia andar direito, porque sentia muita dor. “Não conseguia mais comer nem andar sozinha, não conseguia fazer minhas necessidades básicas e mal me alimentava. Vivia deitada com uma dor que era insuportável”, conta.
Foi aí que o médico solicitou uma ressonância magnética e o resultado apresentado foi uma mancha na coluna. “Fui encaminhada para fazer cirurgia, mas antes da operação fui orientada e conduzida a fazer uma biopsia da referida mancha em uma clínica específica. Nesse lugar, havia uma médica nefrologista que sugeriu que fosse feito também um mielograma – exame no qual se faz a punção e coleta do sangue da medula óssea, para verificar como está o funcionamento da produção do sangue e identificar doenças em que pode haver interferências nessa produção. Fiz e foi constatado o mieloma múltiplo”, lembra Edelzuita.
Segundo ela, foi uma batalha muito grande inclusive com a necessidade de fazer algumas sessões de hemodiálise e transfusão de sangue. “Em linhas gerais o tratamento era composto por seis sessões de quimioterapias por mês. Até que ao final de 25 dias meu cabelo começou a cair. Parece que foi aí que entendi a seriedade da doença. Eram 4 dias aplicando a quimioterapia e um dia para que eu pudesse me recuperar, em casa”, ressalta.
A data em que realizou o transplante de medula óssea marca a renascença da professora. “O transplante foi o meu renascimento. Foi no dia 22 de setembro de 2006 que Deus me deu uma outra chance de viver. Por isso, hoje eu levo uma vida feliz. Me considero uma pessoa muito feliz. Gosto de passear, conhecer lugares e pessoas novas. Gosto de dançar e fazer atividade física”, diz.
Em 2020, Edelzuita completa 14 anos que realizou o transplante. Continua fazendo acompanhamento, tomando remédios e segue em frente. “Vez ou outra sinto câimbras nas pernas, mas de maneira geral me sinto muito bem”, finaliza.
Diagnóstico difícil
Este mês marca a conscientização sobre o mieloma múltiplo, tipo de câncer raro que atinge a medula óssea por conta da multiplicação excessiva de um tipo de célula de defesa do organismo.
De acordo com o Dr. Roberto, hematologista do IBCC Oncologia e coordenador da equipe de transplante de medula óssea do Hospital, ao apresentar alguns dos sintomas como: dores nos ossos; anemia; insuficiência renal; e fadiga a pessoa deve procurar orientação médica. O especialista explica que “muitas vezes, quando os pacientes começam o tratamento, eles já estão muito debilitados pelas dores peculiares da doença em função do diagnóstico tardio”, afirma o médico.
Para diminuir o tempo de diagnóstico, que costuma demorar cerca de quatro anos para a doença, a recomendação é que um exame chamado “eletroforese de proteína” faça parte da rotina de check-up. De acordo com o médico, o mieloma múltiplo produz uma proteína única no organismo, chamada de proteína monoclonal, e o exame eletroforese de proteína é capaz de medir esse elemento no sangue.
“Apesar da doença não ter cura, o cenário é promissor, já que existem terapias mais eficientes e menos tóxicas, que permitem ao paciente uma melhora significativa na qualidade de vida e na sobrevida”. Por isso, é importante que as pessoas procurem um hematologista ao identificarem esses sintomas, principalmente na terceira idade.
Sobre o mieloma múltiplo
Trata-se de uma doença neoplásica caracterizada pela infiltração da medula óssea por plasmócitos malignos. Os plasmócitos são células responsáveis pela produção de imunoglobulinas. No mieloma múltiplo ocorre aumento exagerado na produção de um tipo de imunoglobulina em detrimento da produção normal. O mieloma múltiplo é um tipo de câncer de baixa incidência, representa apenas 1% de todos os tipos de câncer e 10% dos cânceres hematológicos. A incidência da doença no Brasil ainda é desconhecida, principalmente porque não faz parte das estimativas anuais do Instituto Nacional de Câncer (INCA). No entanto, especialistas avaliam que o mieloma múltiplo atinja quatro a cada 100.000 brasileiros, representando cerca de 7.600 novos casos por ano.
Saiba mais sobre o tratamento
O tratamento do mieloma múltiplo é feito com quimioterapia e é relevante o controle associado das infecções e das lesões ósseas, pois estas são as principais responsáveis pela morbimortalidade associada à doença. O transplante de medula óssea faz parte do armamento terapêutico e hoje está comprovado que leva a uma melhora significativa na qualidade de vida desses indivíduos. “O transplante de medula óssea tem sido considerado internacionalmente como a melhor ferramenta terapêutica para manter um maior período de resposta satisfatória e melhor qualidade de vida para os portadores de mieloma múltiplo. Embora muitas drogas novas tenham sido propostas como parte do tratamento, o transplante permanece como sendo a melhor alternativa”, destaca o médico do IBCC Oncologia.