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Saúde do homem: a cultura do autocuidado deve ser acompanhada por toda a vida

17 de novembro

Por Álvaro Bosco*

Mais um Novembro se iniciou e, com ele, a necessidade de falarmos sobre a saúde masculina. Em 2003, na Austrália, dois amigos (Travis Garone e Luke Slattery) iniciaram uma campanha para arrecadar fundos e alertar sobre a saúde masculina e o câncer de próstata. O movimento chamou a atenção do mundo sobre a necessidade de informação, conscientização e cuidado com a saúde do homem.

Este alerta se faz importante, pois não é da cultura masculina procurar por auxílio médico sem que esteja com algum sintoma. Uma das diferenças que vemos com relação à saúde feminina é que, desde muito cedo, as meninas, quando deixam seus pediatras, encontram na ginecologia seu médico para toda a vida.

Os meninos, depois da adolescência, raramente frequentam o consultório de um outro especialista que possa acompanhar e orientá-los sobre a sua saúde. Ainda não é um hábito os homens adultos passarem em consulta com o seu urologista para fazerem prevenção de diversas doenças. Dessa forma, torna-se uma tarefa árdua convencê-los, agora no auge dos seus 50 anos, a fazerem a avaliação prostática. E o que mais se escuta é: “Quando eu sentir algo, procurarei ajuda”.

Infelizmente, o câncer de próstata nos estágio iniciais não causa qualquer tipo de sintoma. E é nesta fase que as chances de cura são maiores. Quando ele se manifesta através de dores ósseas, insuficiência renal, dificuldade urinária ou hematúria (sangramento na urina), muitas vezes, já está em estágio mais avançado, não havendo mais chances de cura.

Apesar de haver bons tratamentos que aumentam a sobrevida destes pacientes, muitos morrem em virtude da doença. Esta é a neoplasia mais comum do homem (excetuando os tumores de pele não-melanoma), com incidência de, aproximadamente, 66 mil novos casos, com cerca de 16 mil óbitos por ano. São mais de 43 mortes por dia devido a uma doença que tem tratamento efetivo.

Então, quando o homem deve passar no urologista para fazer o rastreio do câncer de próstata? A resposta, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, é: aos 45 anos, se tiver fatores de risco (parentes de primeiro grau com câncer de próstata ou se for da raça negra); ou aos 50 anos, se não tiver esses fatores de risco. Além da história do paciente, é necessário fazer o exame físico, através do toque retal da próstata e coletar o exame de sangue que é o PSA (antígeno prostático específico).

No consultório, muitas vezes, precisamos responder a esta questão: “Mas só o exame de sangue não é o suficiente para este rastreamento?”. E a resposta é categórica: NÃO! Porque até 20% dos tumores não elevam os valores do PSA e, quando associamos ao exame físico, aumenta a acurácia para um diagnóstico precoce.

Estes exames são indicativos de que algo possa estar errado, mas nenhum deles tem o poder de fazer o diagnóstico de câncer. Para isso, a biópsia de próstata é o exame determinante. Com o avanço das técnicas de imagem, cada dia mais realizamos exames adicionais que podem nos auxiliar a chegar em um diagnóstico mais preciso.

Até aqui, muitos poderão perguntar: “Mas não tem nada de novo nos dias atuais?”.

Parece um mantra a afirmação de que “a medicina tem evoluído muito nos últimos anos” e, com relação ao câncer de próstata, afirmo que isso acontece numa velocidade impressionante. E, em todas as áreas, os últimos 5 anos têm sido de grandes descobertas e aprimoramentos, desde o entendimento da genética da doença, passando pelo diagnóstico mais preciso, no tratamento com diversas alternativas, quando na doença inicial, e no tratamento da doença avançada (metastática). Tudo isso contribui para a cura e para o aumento da sobrevida com qualidade de vida.

Mas não é só de próstata que o homem é feito. Doenças como hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemias (incluindo a elevação do colesterol), além de sedentarismo, tabagismo e etilismo, são outras causas de piora da saúde, diminuindo os anos de vida desta população. Por isso, devem ser acompanhadas e tratadas adequadamente. Essa é a função e, por que não dizer, a missão do urologista. Cuidar da saúde do homem.

A minha recomendação para todos os homens é que, independentemente da idade, tenham o seu médico de confiança. Escolha alguém que possa orientar sobre os reais benefícios da prevenção e dos cuidados com a saúde de uma forma global.

* Álvaro Bosco é urologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo

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