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A eficácia da acupuntura nos sintomas relacionados ao câncer

22 de outubro

*Artigo

Originalmente, acupuntura em chinês é: 針灸 (zhen jiu), que significa agulha e moxabustão. O termo vem do latin acus (agulha) e punctura (penetração). Descrita pelos chineses desde 1.000 AC, é uma técnica de tratamento que consiste em inserção de agulhas em pontos específicos ao longo de canais chamados meridianos, distribuídos pelo corpo, visando à restauração do equilíbrio (陰陽 yin – yang) das funções vitais.

Inúmeras pesquisas publicadas comprovam o uso da acupuntura para tratar uma variedade de condições associadas ao câncer e uso da especialidade já faz parte de recomendações da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) como tratamento integrativo ao câncer [1]. As principais indicações de acupuntura em sintomas relacionados ao câncer são: náuseas e vômitos, ansiedade, distúrbios do sono, xerostomia, fadiga relacionada a quimioterapia, neuropatia e dor.

O uso da acupuntura vem sendo cada vez mais respaldado por estudos randomizados controlados na literatura. Dentre eles, destaca-se com entusiasmo publicação[2] que demonstrou redução de dor osteomuscular relacionada a uma classe de hormonioterapia chamada inibidores de aromatase, evento adverso que incomoda pacientes e que carece de tratamento efetivo. A medicina moderna demonstra que a intervenção da acupuntura tem efeitos na liberação de substâncias como serotonina, B-endorfina, dinorfina e melatonina, além de mediadores anti-inflamatórios que atuam na analgesia, qualidade do sono e controle de ansiedade.

A terapia não deve ser usada simplesmente para tratar sintomas, sem a devida anamnese, exame físico, elaboração de hipóteses diagnósticas e instituição do tratamento adequado, imprescindíveis para se evitar o mascaramento de sinais com todas as consequências negativas que isso possa acarretar.

É importante ressaltar que a acupuntura é um método invasivo, e, portanto, faz-se necessário observar as regras básicas de higienização para evitar infecções. Trata-se de um procedimento seguro e complicações graves são raras. A qualificação técnica é fundamental, pois é necessário que o profissional tenha conhecimentos sobre anatomia para inserção adequada das agulhas e assim evitar perfuração de órgãos adjacentes.

A medicina moderna é dirigida pela medicina baseada em evidências, em que o rigor da metodologia científica garante tratamentos eficazes devidamente comprovados. Porém, numa especialidade como oncologia, o cuidado ao paciente é mais abrangente do que “guidelines” para escolher a droga certa. Como diria o Prof. Auro Del Giglio, a medicina que lida com o sofrimento, como a oncologia, precisa também abordar sintomas não físicos do paciente, procurado compreender o sofrimento no contexto cultural, psicológico, antropológico, social e espiritual [3]. Nesse sentido, a Acupuntura e a Medicina Integrativa corroboram para a mesma visão do cuidado integral do paciente. 

No IBCC Oncologia, a acupuntura faz parte da Saúde Integrativa – especialidade que consiste no uso de práticas complementares associadas à medicina tradicional com indicação precisa, que visa desenvolver corpo, mente, autocuidado com foco na humanização e o cuidado integral ao paciente para gerenciamento do estresse. Essa complementação de atendimento deu os primeiros passos em fevereiro de 2019, e, até agosto, foram realizados 150 atendimentos. Um projeto promissor que vem adicionando outros profissionais para aumentar a capacidade de atendimento. 

[1] Lyman GH et al. Integrative Therapies During and After Breast Cancer Treatment: ASCO Endorsement of the SIO Clinical Practice Guideline. J Clin Oncol 36, no. 25 (September 01, 2018) 2647-2655.

[2] Crew KD et al. Randomized, Blinded, Sham-Controlled Trial of Acupuncture for the Management of Aromatase Inhibitor–Associated Joint Symptoms in Women With Early-Stage Breast CancerJ Clin Oncol. 2010 Mar 1;28(7):1154-60.

[3] Del Giglio, A. Suffering-based medicine: practicing scientific medicine with a humanistic approach. Med Health Care Philos; 2019 Aug 20

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