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Consumo de vitaminas e o câncer: vilãs ou parceiras?

28 de junho

Cerca de 11 milhões de pessoas pelo mundo desenvolvem algum tipo de câncer por ano. Tanto estudos epidemiológicos como experimentais confirmam que hábitos alimentares e fatores nutricionais individuais modificam o risco de desenvolvimento de tumores tanto benignos quanto malignos.

Além de uma alimentação saudável com quantidades suficientes de nutrientes, vitaminas e minerais, os ácidos graxos de cadeia longa ômega 3 tem se tornado cada vez mais interessante. Apesar que esse suplemento ainda causar bastante controvérsia em relação a seu benefício terapêutico, especialmente em suplementos com altas doses de antioxidantes como vitamina C e vitamina E, bem como elementos traço e selênio.  (1)

 

A ingesta deficientes de micronutrientes é detectada quando o paciente não atinge 60% de sua necessidade basal energética diária por mais de 10 dias, explica a nutróloga do IBCC, Dra. Giovanna Ribeiro

Com relação a pacientes oncológicos e suas necessidades de elementos traço e vitaminas, o consenso adotado pela ESPEN (European Society os Parenteral and Enteral Nutrition) em pacientes com restrição alimentar e devido ao próprio tumor o uso de suplementos multivitamínicos em doses fisiológicas e que não ultrapassem a RDA (dose diária recomendada) é seguro. Bem como em pacientes em tratamento de radioterapia e quimioterapia. (2)

A baixa ingesta alimentar em pacientes com câncer não é limitada apenas a macronutrientes, mas também a vitaminas e minerais. A ingesta deficientes de micronutrientes é detectada quando o paciente não atinge 60% de sua necessidade basal energética diária por mais de 10 dias. Isto é bem observado em pacientes em tratamento com radioterapia e quimioterapia, que apresentam rápida perda, devido a vômitos e diarreias constante. (2)

Os níveis de vitaminas C, D, e E, e de algumas vitaminas B, estão em níveis muito inferiores na maioria dos pacientes oncológicos quando comparados a indivíduos saudáveis. Bem como de elementos traço, selênio, e zinco também são observados níveis inferiores e alguns com sintomas relacionados a deficiências dos mesmo.

A importância do déficit de micronutrientes está relacionada a diversos fatores, compromete a recuperação pós cirúrgica, aumentando o risco de complicações pós cirúrgicas; aumenta o risco de sintomas depressivos; e compromete o sistema imune do paciente.

Recentemente o uso de suplemento multivitamínicos tem ganhado bastante interesse. Mesmo em paciente já citados, com ingesta menor que a ideal, estudos clínicos tem mostrado benefícios, com melhora do status nutricional de paciente oncológicos que ingerem tais suplementos.

Frequentemente, é observado deficiência de vitamina D em pacientes portadores de câncer, e está associado a incidência e prognóstico. Em uma meta-análise reunindo 40 estudos, Bolland et al. verificou que a suplementação de vitamina D com ou sem cálcio não reduziu de forma significativa desfechos em proteção óssea. Todavia, em pacientes com níveis deficientes em vitamina D o uso de suplementação para atingir níveis normais tem benefício inclusive melhora prognóstico. (3)

Já quando voltamos para a suplementação de antioxidantes durante o tratamento de quimioterapia e radioterapia teria uma redução do efeito do tratamento e piora do prognóstico. O AICR (American Institute for Cancer Research) chegou a conclusão de que o uso de suplementos contendo antioxidantes durante o tratamento de radio e quimioterapia só deve ser utilizado quando o mesmo não ultrapassar a dose diária recomendada (RDA), que corresponde a 2000mg/dia de vitamina C, 250mg/dia de tocoferóis equivalentes de vitamina E, 400mcg/dia de selênio. (4)

Em resumo, o uso de suplementos vitamínicos em pacientes oncológicos deve ser utilizado em pacientes que não atingem as necessidades diárias adequadas, e que não ultrapassem a dose diária máxima. E isso inclui também os pacientes oncológicos em tratamento de radio e quimioterapia, o uso de um suplemento em dose elevada deve ser evitado. A exceção é a vitamina D, que deve ser sempre dosada na forma de 25-OH-vitamina D, e a reposição é feita através da forma colecalciferol (dose de 1.800 a 4.000UI/dia), a depender do valor plasmático para definição da dose diária. O ideal é manter um nível plasmático acima de 30ng/mL. Para melhora da recuperação pós operatória, uma suplementação de micronutrientes é recomendada (500-2000mg/dia de vitamina C, 3mg/dia de vitamina A, 10-15mg/dia de vitamina B6, 0,4-1mg/dia de ácido fólico, 4-10mg/dia de zinco e 1-2mg/dia de cobre). É recomendado a suplementação de ômega 3 (1,5-2g/dia) em pacientes que apresentam perda ponderal e caquexia.

  1. Strohle A, Zanker K, Hahn A. Nutrition in oncology: The case of micronutrientes (Review). Oncology Reports 2010 24: 815-828
  2. Rock CL, Doyle C, Demark-Wahnefried W, Meyerhardt J, Courneya KS, Schwartz AL, et al. Nutrition and physical activity guidelines for cancer survivors. CA Cancer J Clin 2012;62:243e74
  3. Arends J, Bachmann P, Baracos V, Barthelemy N, Bertz H, Bozzetti F, Fearon K, Hutterer E, Isenring E, Kaasa S, Krznaric Z, Laird B, Larsson M, Laviano A, Muhlebach S, Muscaritoli M, Oldervolll L, Ravasco P, Solheim T, Strasser F, Schueren M, Preiser J. ESPEN (European Spciety for Parenteral and Enteral Nutrition): ESPEN Guidelines on nutrition in cancer patients. Clin Nutr 2016 1-38
  4. Norman HA, Butrum RR, Feldman E, Helder D, Nixon D, Picciano MF, Rivlin R, Simopoulos A, Wargovich MJ, Weisburg EK, Zeisel SH. The role of dietary supplements during cancer terapy. J Nutr 2003 133 (Suppl. 11): S3794-S3799

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