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A neuropatia periférica é uma doença que surge, na maioria das vezes, como uma condição secundária, como por conta de um câncer ou de seu tratamento. É muito importante que ela seja diagnosticada precocemente para garantir uma boa qualidade de vida.
Os nervos são como canos elétricos revestidos por uma substância isolante e espalhados pelo corpo humano. Eles são responsáveis por transmitir as sensações, inervar os músculos, fazendo com que eles se movimentem, e inervar também os órgãos internos.
A neuropatia periférica acontece quando os nervos que saem da medula espinhal e vão para os membros, chamados periféricos, sofrem algum impacto. O Dr. Flávio Sallem, neurologista do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC Oncologia), explica que “a neuropatia pode ocorrer por vários problemas, sendo o mais comum a diabetes. Mas o uso de substâncias, como álcool, algumas medicações, agentes tóxicos, como chumbo ou mercúrio, também podem influenciar”.
Outras doenças como insuficiência renal, hipotireoidismo e condições específicas dos nervos podem causar as neuropatias periféricas. “A neuropatia também pode ser influenciada pela desnutrição, perda de massa muscular e alterações de vitaminas”, complementa o Dr. Sallem.
Os sintomas podem variar, mas os mais comuns são: formigamentos, perda de sensibilidade nas extremidades, principalmente pés e mãos, perda de força, perda de massa muscular (atrofia) e dor espontânea. Sendo possível que também aconteçam alterações de pele, unhas e pelos
O neurologista explica que esses sintomas ocorrem porque os nervos são os responsáveis por levar a sensibilidade e força até à pele e os músculos. “E quando eles são lesionados, aparecem alterações na sensibilidade da pele e força dos músculos. Mas é interessante ressaltar que estes sintomas são mais distais. Ou seja, mais em extremidades, pelo menos inicialmente, e mais nos membros inferiores que nos superiores”.
O Dr. Celso Arrais, hematologista do Hospital Sírio-Libanês e membro do Comitê Médico da Abrale, explica que médicos acostumados a indicar medicamentos que possuem a neuropatia periférica como efeito colateral devem ficar atentos. Além disso, devem informar esses pacientes que a neuropatia pode acontecer e deve alertá-los para os sintomas. Isso porque, segundo Dr. Arrais, o diagnóstico é essencialmente clínico. Porém, em alguns casos pode ser feito a eletroneuromiografia para obter um diagnóstico documentado.
O Dr. Sallem diz que a eletroneuromiografia é um exame que estuda os nervos motores e sensitivos. Esse teste é realizado em duas etapas. Na primeira, são dados pequenos choque nos nervos periféricos para que seja analisada a velocidade de condução nervosa. Ou seja, o tempo que o corpo demora para responder àquele estímulo.
Já na segunda fase, alguns músculos recebem pequenas agulhas para observar a atividade muscular em repouso e durante a contração.
“Mas para solicitar esse exame, o médico precisa montar um histórico e realizar um teste físico direcionado. Desse modo, ele sugere, por meio desses testes, a possibilidade de uma neuropatia periférica”, diz o Dr. Sallem.
A grande preocupação é que a neuropatia periférica pode evoluir e os sintomas piorar. Consequentemente, o paciente corre mais risco de sofrer quedas, ter dificuldade para ficar em pé, andar ou até mesmo sentir dor nos membros. Por isso, é importante diagnosticar precocemente a doença e encontrar o melhor tratamento, garantindo, assim, uma melhor qualidade de vida.
O neurologista ainda salienta que “em alguns casos, a neuropatia é um sintoma do câncer. Saber que existe a neuropatia pode permitir o diagnóstico mais rápido do tumor, e um tratamento mais rápido e completo”.
Não são todos os pacientes oncológicos que vão desenvolver um quadro de neuropatia, mas é possível que ela aconteça em alguns casos. Especialmente em pacientes em tratamento que estejam desnutridos, ou utilizando certos tipos de quimioterapia e em casos de tumores mais agressivos.
O Dr. Sallem conta que é mais comum a neuropatia ocorrer pelo tratamento que pelo tumor em si. “Mas cânceres como linfomas, mama, pulmonar, mieloma múltiplo e pacientes que sofreram transplante de medula óssea têm mais chance de produzir neuropatia periférica”.
O Dr. Arrais complementa que é possível que alguns quimioterápicos tradicionais também podem causar a neuropatia. “Entre as quimioterapias tradicionais, as mais frequentes são a vincristina e a vimblastina. Entre medicamentos mais novos, o bortezomibe e o brentuximabe vedotin.”, diz o hematologista. Nesse caso, o paciente precisa conversar com o seu médico para que ele pense qual a melhor solução. Em algumas situações, apenas a diminuição ou o descontinuamento da medicação diminui os sintomas.
A radioterapia também pode levar a uma neuropatia. “Isso porque a radioterapia pode causar uma lesão do local onde os nervos são formados, os plexos, área que está próxima à medula”, diz o especialista. Aqui, a mesma recomendação é válida: converse com o médico e veja qual é a melhor solução.
A neuropatia em si não tem cura, mas é possível tratá-la fazendo com que os sintomas sejam minimizados.
Como dito anteriormente, às vezes, diminuir ou parar a quimio já é o suficiente. Mas, em outros casos é preciso fazer o “tratamento da doença de base como diabetes, insuficiência renal ou hepática, cânceres; diminuir o uso de álcool, utilizar complexo B, oligonucleotídeos”, diz o Dr. Sallem.
Sendo ainda possível a utilização de “medicamentos analgésicos, anticonvulsivantes com efeitos analgésicos (como a gabapentina e a pregabalina), tratamentos tópicos como a capsaicina e antidepressivos com efeito analgésico como a duloxetina, a venlafaxina, a amitriptilina e a doxepina.”, explica o Dr. Celso Arrais.
Lembrando sempre que quem decidirá qual o melhor caminho e tratamento é o neurologista que acompanha o histórico e o caso do paciente.
Fonte: https://www.abrale.org.br/revista-online/neuropatia-periferica-fique-de-olho-no-formigamento/