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Já sentiu aquele mal-estar após comer muito? Tomou um detox ou ficaram dias sem se alimentar bem para compensar o estrago? Você sabia que essas atitudes podem gerar em falta de sono e afetar nosso metabolismo? O Dr. Henrique Perobelli, Proctologista da Rede de hospitais São Camilo de São Paulo, explica em entrevista como o corpo reage, efeitos a longo prazo e dicas para comer bem sem exageros.
Existe algum tipo de “ressaca” depois de comer muito?
O processo de digestão é um mecanismo neuroendócrino bastante complexo. De forma resumida, existem hormônios que estimulam a saciedade, produzidos no hipotálamo, o PYY, hormônio intestinal peptídeo e o GLP -1. A grelina é um hormônio produzido no estômago, responsável pela fome e pelo esvaziamento do estômago. Depois de comer em demasia, é comum um aumento da circulação esplâncnica (intestinal), e com isso, uma diminuição discreta de sangue em outros órgãos como coração e cérebro. Dá uma sensação de moleza, fadiga e prostração após uma dieta copiosa.
Como o corpo reage ao comer rápido em pouco tempo?
É capaz de o cérebro não entender a quantidade de comida, pois, o estomago é amplamente elástico e são os nutrientes que estimulam os hormônios de saciedade e não a quantidade de comida do estômago. Com isso, a pessoa come mais sem sentir e pode ganhar peso.
Sinais como boca seca, dor de cabeça, náusea, falta de apetite são comuns?
Sim, pois o excesso de sal, carboidratos e proteínas geram uma diminuição do trânsito global pela sua difícil degradação e o trânsito intestinal foca prolongado.
É a mesma sensação de quando bebemos muito?
Os efeitos do álcool no SNC são mais nocivos e inibem parte do sistema nervoso simpático e parassimpático. A comida não faz isso, mas pode gerar uma sensação de mal-estar chegando a vômito em pacientes com compulsão alimentar.
O que fazer no dia seguinte após comer muito?
Uma dieta mais leve, rica em fibras e pobre em carboidratos e proteínas. A sede é um exemplo de que algo não está bem no nosso organismo e merece atenção.
É indicado tomar remédio para digestão?
Existem medicamentos que diminuem a hiper cloridria no estômago por uma reação química. São os casos do hidróxido de alumínio e alginato de sódio. Antieméticos como a metoclopramida devem ser reservados para eventos mais severos e devem ser evitados e seguidos de consulta médica.
É recomendado ingerir comidas leves após comer muito? Por quanto tempo?
Sim, por ao menos 12 h. O esvaziamento gástrico se dá em torno de 2 a 4 horas. Mas, existem casos em que a digestão é mais lenta, geralmente associado em paciente com alguma patologia do TGI, como a hérnia de hiato.
Existem efeitos a longo prazo? Quais?
Obesidade, diabetes, esteatose hepática, esteato hepatite, cirrose hepática. A ingesta copiosa de carne vermelha e gordura de origem animal está envolvida na gênese do câncer colorretal.
Esse conceito de que devemos seguir uma dieta balanceada durante a semana e aos finais de semana está liberado é correto?
Uma dieta tem que ser equilibrada e balanceada e não apenas variada. Existem porções definidas de carboidratos, lipídeos, proteína e fibras que cada indivíduo deve ingerir. A avaliação nutricional é sempre recomendada. Qualquer dia em que se comete excessos alimentares não é benéfico para seu organismo.
Comer muito pode afetar o metabolismo e até mesmo o sono?
Sim. A má digestão é um dos principais causadores de insônia. Durante a noite, nosso organismo produz menos quantidade de hormônios. Por conseguinte, a digestão é mais difícil. O fato mecânico de se alimentar e deitar facilita o refluxo gastroesofágico e pode causar sintomas como pirose, azia, queimação retroesternal e tosse.
Como identificar uma compulsão alimentar ou algum distúrbio?
Casos de ingesta copiosa desenfreada, seguida de náuseas e vômitos é um claro sinal de compulsão alimentar. O ganho de peso progressivo e rápido, pela substituição do exercício pela comida pode condicionar seu cérebro ao prazer da comida como mecanismo compensatório de bem-estar ou para suprir um momento de stress ou ansiedade. Para todos estes problemas uma equipe multidisciplinar composta por gastroenterologistas, nutricionistas, psiquiatras e psicólogos precisam atuar de forma imediata nos pacientes.