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O câncer de mama é o que mais mata mulheres no Brasil e o segundo mais incidente, com 66 mil casos estimados para 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão auxiliar do Ministério da Saúde para desenvolver e coordenar as ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil. Os números chocam. E as dúvidas são várias: Quais os sintomas? Como são os principais sinais? O câncer de mama é hereditário? Dói? O que fazer para prevenir? E o autoexame como deve ser feito?
Pensando nessas e outras questões, foi criado o Outubro Rosa. Movimento internacional para conscientizar e compartilhar informações sobre a doença criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. No Brasil, a data passou a ser celebrada em 2002, com o objetivo de ampliar o conhecimento das pessoas sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
A mastologista do IBCC Oncologia, Dra. Vanessa Saliba Donatelli, explica que a detecção precoce permite que o câncer de mama seja curável em cerca de 90% dos casos. “Um exemplo é a paciente do IBCC Oncologia, Rosana Takase, que se tratou de um câncer na mama descoberto em fase inicial em 2016, se curou e hoje, grávida do segundo filho, faz pré-natal comigo”, lembra a médica. “Meu diagnóstico de câncer de mana aconteceu de maneira precoce quando eu tinha 30 anos. Foi do nada. Certo dia ao tomar banho, senti um caroço palpável na mama esquerda. No começo, pensei que não fosse nada, pois sempre fiz exames anuais. Como já tinha ginecologista agendado fiquei em paz e aguardei a consulta. Ao ir à consulta a especialista apalpou e disse que se tratava de glândula de gordura. Ela pediu diversos exames, entre eles, ultrassom das mamas e não foi diagnosticado nada. Ao retornar com a médica ela pediu para que eu observasse, mas que poderia ficar tranquila. Receitou medicamento e caso o caroço não diminuísse que eu deveria procurar um mastologista. Assim fiz, pois o nódulo continuava crescendo. Procurei o IBCC Oncologia e passei com a Dra. Vanessa que me pediu exames. Rapidamente fiz e veio o diagnóstico: câncer de mama. Aí comecei a tratar e hoje estou aqui para contar”, lembra Rosana.
De acordo com a médica, a glândula mamária, a exemplo de todos os outros órgãos do corpo humano, é formada por diferentes tipos de células. Cada célula tem uma função específica, para isso elas crescem se multiplicam, cumprem determinadas funções e morrem, sendo substituídas. Esse mecanismo harmônico é determinado pelo código genético (DNA). Ocasionalmente, alguns fatores podem provocar danos irreparáveis no DNA das células, levar a perda do controle dos mecanismos de crescimento e diferenciação, estimular a mobilização, invadir e destruir outras células. “A transformação da célula normal em câncer é um mecanismo multifatorial denominado carcinogênese. Dependendo do tipo de alteração no DNA e da integridade do sistema de correção, o comportamento da célula pode ser comprometido”, diz a médica. A Dra. Vanessa, ressalta que todas as células que compõem o tecido mamário podem sofrer o processo de carcinogênese e se tornarem malignas. Por essa razão, existem diferentes tipos de câncer de mama e os mais frequentes são os que ocorrem nas células que revestem os ductos mamários (carcinoma ductal) e em células que formam os lóbulos produtores do leite (carcinoma lobular). Em uma fase inicial, o processo acomete apenas as células que revestem os ductos e/ou lóbulos, sendo denominado câncer in situ. Nesse estágio, é restrito a mama e é totalmente curável. Com a evolução, essas celular podem invadir as estruturas que revestem os ductos quando então são denominados carcinomas invasivos. Em uma terceira fase, as células penetram os vasos sanguíneos e linfáticos e se disseminam para outras partes do corpo, constituindo a metástase do câncer.
Sinais e sintomas
Você deve procurar o mastologista quando houver:
– Mudança na textura e tamanho das mamas.
– Alteração na pele ou no bico do seio.
– Percepção de evidência de nódulo.
– Secreção espontânea pelo bico da mama.
– Aparição de linfonodos aumentados na região da axila. No entanto, a Dra. Vanessa ressalta que a existência desses sinais nem sempre significam câncer.
Fatores de risco
O risco de desenvolver câncer não é igual para todas as pessoas. Existe uma complexa interação entre a capacidade de agressão de fatores do meio ambiente e as defesas do organismo. Alguns destes fatores estão diretamente relacionados com o aumento de incidência e com o curso da doença. O câncer de mama é mais frequente em mulheres, embora possa ocorrer, com menor incidência, nos homens. A idade é outro fator muito relevante para este tipo de câncer. Na maioria das vezes, é mais frequente entre os 50 a 60 anos. Quanto mais idosa for a pessoa maior será a chance de desenvolver câncer.
Antecedentes pessoais de doenças de alto risco ou de câncer em uma das mamas, aumenta o risco da doença na mesma mama ou na outra mama, ao longo da vida. Outro fator de aumento de risco é o número de pessoas da mesma família acometidas com câncer de mama, principalmente parentes de primeiro e segundo grau antes da menopausa. Apenas 20% dos casos são considerados hereditários ou familiares, outros 80% são esporádicos. O uso de hormônios (estrógenos e/ou progestágenos) em alta concentração e por tempo longo, tem correlação com o aumento da incidência. Vida sedentária, obesidade e uso habitual de álcool, também, aumentam o risco para o desenvolvimento do câncer de mama, principalmente na pós-menopausa.
Detecção precoce
Consultas e exames periódicos com o mastologista são fundamentais para a descoberta precoce do câncer de mama. A detecção pode ser feita por exame clínico, quando os tumores forem palpáveis, ou exame de imagem, quando iniciais. A mamografia é o exame com maior eficácia e mais utilizado, para descobrir o câncer de mama em fase precoce. O autoexame, embora não seja uma forma de detecção precoce, deve ser feito todo o mês, na semana seguinte ao término da menstruação, ou em uma mesma data do calendário para as mulheres que não menstruam.
Diagnóstico
A confirmação ou não de qualquer tipo de câncer somente é feita pelo exame histopatológico de uma amostra do tumor. Essa amostragem pode ser obtida pela punção percutânea por agulha, ou biópsia cirúrgica. Vale ressaltar que o planejamento terapêutico, quer seja cirúrgico, medicamentoso ou radioterápico, deve ser estabelecido após a confirmação diagnóstica pelo exame histopatológico.
Outros exames podem ser necessários para saber a extensão da doença antes do tratamento, como: RX, tomografia de tórax, tomografia de abdômen, cintilografia óssea, ressonância magnética, entre outros como de sangue.
Tratamento
O planejamento terapêutico contra o câncer de mama deve ser feito por uma equipe multidisciplinar e de maneira personalizada. A partir disso, se pode definir o protocolo mais indicado para uma resposta terapêutica positiva e com menor risco de recorrência da doença. Essa programação para o tratamento envolve as seguintes situações básicas: o tratamento locorregional (mama e linfonodos regionais) e o tratamento (sistêmico) para combater célula que se espalharam para outras regiões do corpo. O tratamento local é feito com cirurgia ou radioterapia, enquanto o sistêmico é realizado com medicamentos.