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Mitos e verdades sobre a doação de medula óssea

29 de dezembro

Em 2021, foram 170 mil novos cadastros de doadores voluntários e em 2022, foram apenas 25 mil.

Na última semana, o Senado aprovou uma proposta de lei que busca facilitar a localização de doadores de medula óssea no país, permitindo que o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) possa requisitar a órgãos públicos dados de contato do doador. Segundo o Redome, até novembro deste ano estão cadastrados cerca de 5 milhões de doadores e 650 pacientes aguardando encontrar um doador compatível.

Com a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea entre 14 e 21/12, chama-se atenção para este tipo de doação de órgãos pouco conhecida. Além disso, existem alguns mitos que prejudicam o entendimento sobre a doação de medula. 

Elíseo Sekiya, hematologista especializado em terapia celular e células tronco na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, desfaz algumas crenças populares sobre a doação de medula óssea.

A doação só pode ser feita uma única vez: Mito.
Na realidade, a medula se regenera em 15 dias após a doação. Caso seja encontrado um novo paciente compatível, o processo pode ser repetido após esse período se a pessoa consentir. Assim, um único doador pode ajudar muitas pessoas.

O doador não pode voltar às atividades diárias rapidamente: Mito.
A recomendação médica é três dias de repouso. Como a doação é prevista em lei, é possível se ausentar do trabalho e receber atestado médico, dependendo do estado de recuperação.

A medula óssea é retirada do interior da coluna vertebral: Mito. 
Medula óssea e medula espinhal não são a mesma coisa. A medula óssea é um tecido localizado no interior dos ossos, enquanto a medula espinhal é formada de tecido nervoso e está dentro da coluna vertebral. Por fim, a medula óssea é retirada do interior dos ossos da bacia.

O especialista do São Camilo também ressalta os desafios da doação de medula óssea no Brasil. “Geralmente, quem conhece esse tipo de doação teve casos de familiares ou conhecidos que precisaram de medula óssea. O grande desafio é encontrar doadores compatíveis, porque em muitos casos o transplante é o único tratamento que pode salvar a vida do paciente”, explica Sekiya.

Como se cadastrar para ser doador?

Para se tornar um doador voluntário de medula óssea, é preciso acessar o site do REDOME (redome.inca.gov.br) e verificar a unidade de cadastramento mais próxima da sua localização. 

Neste local, será realizada a apresentação de um documento chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para cadastro no REDOME e será coletada uma amostra de sangue para exame de tipagem HLA (antígeno leucocitário humano). Os resultados ficam cadastrados no REDOME para buscas de compatibilidade com quem necessita de doações.

Apesar do crescimento da base de dados do Redome, o número de novos cadastros de doadores vem caindo nos últimos anos. Em 2021, foram 170 mil novos cadastros e este ano, foram apenas 25 mil. Além disso, cerca de 80 doenças podem ser tratadas com o transplante de medula óssea, como linfomas, leucemias, doenças imunes e mielomas múltiplos.  

Duas formas seguras de doação

Sekiya explica que o processo de doação de medula óssea pode ser feito de duas formas, com segurança e uma delas não requer internação ou anestesia. 

A primeira maneira é a punção direta da medula óssea, que é realizada sob anestesia e a medula óssea é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções. Requer internação de 24h, podendo ocorrer dor no local da punção nos primeiros dias, a qual pode ser amenizada com uso de analgésicos. O tempo de recuperação ocorre em torno de 15 dias”, explica.

Outra forma de doar medula óssea é por meio de coleta por aférese, um método em que o doador faz uso de uma medicação por cinco dias, com o objetivo de aumentar a produção de células-tronco circulantes no seu sangue. 

Durante o uso desta substância, podem ocorrer dores ósseas e musculares, além de cefaléia. Após o período, a doação é realizada por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue, separa as células-tronco e devolve os componentes que não são necessários para o receptor, sem a necessidade de anestesia ou internação.

Quanto mais doadores cadastrados, maiores as chances de encontrar um compatível. A probabilidade de duas pessoas que não são parentes serem compatíveis é baixa, sendo preciso testar centenas ou milhares de pessoas para encontrar um doador.  As buscas por doadores sempre iniciam com os familiares de primeiro grau porque a chance de compatibilidade é maior, mas quando não se encontra doadores na família, a busca precisa ser feita em registros de doadores nacionais ou internacionais”, finaliza ele.

Diretora Médica: Dra. Lilian Arruda - CRM 147953    |    © Copyright 2023 | IBCC Oncologia