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Por que infartos são mais fatais em mulheres do que em homens?

21 de junho

Infartos e outros problemas cardiovasculares são uma das principais causas de mortes em mulheres. Segundo dados de 2020 da OMS, Organização Mundial de Saúde, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres no mundo, o equivalente a cerca de 8,5 milhões de óbitos por ano. Mulheres têm 50% mais probabilidades de sofrerem infarto do que homens. 

 

Antes da menopausa, os estrógenos exercem um efeito benéfico em doenças cardiovasculares e as mulheres apresentam quadros de angina e infarto em média dez anos mais tarde que os homens, segundo o Dr. Luiz Velloso, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. Isso porque o estrógeno (hormônio feminino produzido pelos ovários antes da menopausa) parece atuar como um protetor devido aos efeitos sobre o metabolismo do colesterol e sobre os vasos sanguíneos. No entanto, a terapia de reposição hormonal não parece reduzir a ocorrência de doenças cardíacas em mulheres após a menopausa e não é recomendada com esta finalidade específica. 

 

“Vale lembrar que algumas doenças cardiovasculares agudas, de alto risco e frequentemente letais, têm ocorrência bem mais alta em mulheres jovens do que em homens como a miocardiopatia periparto, as dissecções espontâneas de artérias coronárias e a síndrome de Takotsubo”, afirma o cardiologista. 

 

Em entrevista, o médico responde essa e outras dúvidas relacionadas a infarto e problemas cardiovasculares em mulheres. 

 

 

O que deixa as mulheres mais vulneráveis aos problemas cardiovasculares?  

As causas de problemas cardíacos são similares entre homens e mulheres: tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, níveis elevados de colesterol e predisposição familiar. Observa-se, no entanto, que em mulheres a diabetes, hipertensão e tabagismo aumentam mais o risco de doença coronária (angina e infarto) do que nos homens. Em mulheres com diabetes, por exemplo, o risco de infarto ou angina é 3-7 vezes maior; em homens, esse risco é apenas 2-3 vezes maior do que na população sem diabetes. 

 

Alguns fatores de risco são exclusivos do sexo feminino, aumentando o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular no futuro. Isto é observado em mulheres que têm partos prematuros, diabetes ou hipertensão gestacional, e nas que não perdem o excesso de peso adquirido na gravidez. Outras situações que também aumentam o risco cardiovascular e têm maior ocorrência em mulheres são algumas doenças autoimunes (como o lúpus eritematoso e a artrite reumatóide), o tratamento radioterápico ou quimioterápico do câncer de mama e a depressão. 

  

A mortalidade por infarto do miocardio é maior entre mulheres? A idade conta?  

Em mulheres observa-se em alguns estudos uma maior mortalidade por infarto do miocárdio do que em homens nos primeiros 30 dias após o evento agudo. Atribui-se este fenômeno, entre outras causas, a uma menor preocupação por parte das mulheres com os sintomas iniciais do infarto, o que levaria a demora em buscar assistência médica.  

 

Os provedores de saúde também tendem a subestimar os sintomas de infarto em mulheres, especialmente as mais jovens, levando ao atraso no diagnóstico e tratamento da doença.  

  

Quais os sintomas entre homens e mulheres? Existe uma distinção?  

Em mulheres, é mais comum que a angina e o infarto se apresentem com sintomas atípicos, ou seja, diferentes do quadro clínico clássico. Nesses casos, o infarto pode ocorrer com sintomas de dor em regiões menos comuns (dor apenas nas costas, nos braços ou na mandíbula), ou ainda como náusea, palpitação ou falta de ar sem a presença de dor torácica. Mulheres tendem a subestimar a doença coronária como causa destes sintomas e em certa medida há diagnósticos inadequados ou tardios nos serviços de saúde. 

 

Homens e mulheres seguem o mesmo termo de prevenção? Se sim, quais seriam?  

Em homens e mulheres a prevenção deve enfatizar hábitos saudáveis de vida: abster-se de fumar, praticar exercícios físicos regularmente, evitar quantidades excessivas de gorduras, sal e carboidratos na alimentação, evitar o estresse excessivo, a obesidade, o isolamento social e a depressão. Nos portadores de doenças como a hipertensão arterial, diabetes e níveis elevados de colesterol, o controle destes fatores de risco com acompanhamento médico são fundamentais e ainda medidas dietéticas e medicamentosas para reduzir a ocorrência de doença cardiovascular, em especial a doença coronariana (angina e infarto do miocárdio).  

 

Esses fatores de risco cardiovasculares parecem exercer um efeito mais intenso em mulheres do que em homens, portanto, devem ser controlados com maior rigor no sexo feminino. 

 

Em relação aos fatores de risco cardiovasculares exclusivos do sexo feminino (partos prematuros, diabetes ou hipertensão gestacional), uma adequada assistência pré-natal sempre é recomendada e necessária. Outra coisa importante é que anticoncepcionais combinando estrógeno e progesterona podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares em mulheres com mais de 35 anos ou em diabéticas, hipertensas e portadoras de colesterol elevado e não devem ser utilizados por mulheres fumantes, pelo risco elevado de formação de coágulos nos vasos sanguíneos (trombose). 

 

Dr. Luiz Velloso, cardiologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo

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